Apesar dos alertas de especialistas, muitos pais ainda insistem nessa prática perigosa sem compreender os riscos para o bebê.
Este é um tema que gera polêmica no mundo da maternidade. O bebê deve dormir perto dos pais? Alguns responsáveis preferem manter a individualidade da criança, deixando-a dormir em um quarto separado. Já outros, mais conservadores e preocupados, gostam de mantê-la na cama do casal na hora de dormir.
Há relatos de bebês que faleceram por estarem dormindo na mesma cama que os pais. Apesar disso, seja por facilitar a amamentação noturna, preferência cultural ou crença de que é mais seguro, muitos pais ainda optam por essa prática perigosa.
Riscos de dormir com o bebê na mesma cama
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o maior risco de deixar o bebê dormir na cama com os pais é a Síndrome da Morte Súbita do Lactente (SMSL), que é a principal causa de morte de crianças com menos de um ano, geralmente, durante o sono noturno. Outro caso comum é a asfixia acidental, pois, em sono profundo, é possível que algum dos adultos deite em cima do recém-nascido, sem perceber, ou pressione-o contra a parede.
Além disso, camas de adultos não são seguras para bebês. Lá, eles são expostos a sufocamento pelos travesseiros e lençóis dos pais ou mesmo pelo contato com o corpo deles. Segundo uma pesquisa publicada na revista médica Pediatrics, cerca de 70% dos 250 casos estudados de morte de bebês por sufocamento estão relacionados a cobertores, travesseiros ou outros tecidos que bloquearam as vias aéreas das crianças.
Ainda há o risco de queda, devido à falta de grades de proteção e a altura das camas de adultos. Um estudo do Instituto de Pesquisa e Avaliação do Pacífico, ao analisar dados de 4,1 milhões de atendimentos em pronto-socorros nos Estados Unidos, mostrou que a queda da cama é a principal causa de traumatismo cranioencefálico em crianças de até um ano e a segunda maior causa em crianças de 1 a 4 anos (atrás apenas das quedas em escadas).
Vale lembrar que esses riscos também se aplicam a cochilos junto aos pais em sofás ou poltronas, ainda mais se for um bebê prematuro, com peso baixo ou com menos de quatro meses de idade.
Sono com segurança
Com o intuito de reduzir a mortalidade infantil relacionada ao sono, a Academia Americana de Pediatria (AAP) atualizou suas diretrizes pela primeira vez desde 2016.
De acordo com as novas recomendações, o bebê não deve dormir na mesma cama que os pais, mas sim em seu próprio berço dentro do quarto do casal durante, pelo menos, 6 meses. Estar no mesmo ambiente facilita a supervisão, pois aumenta a probabilidade de os cuidadores perceberem e socorrerem a criança, em caso de anormalidade enquanto ela está dormindo.
Segundo a Comissão de Segurança de Produtos de Consumo, dos Estados Unidos, os únicos produtos que podem ser comercializados para o sono infantil incluem berços e cercadinhos. Ambos devem ter superfícies firmes e planas, com destaque para as grades de proteção. Estas devem ser altas e justas para evitar quedas ou que os braços ou pernas do bebê fiquem presos entre as grades.
Menos é mais
Outra recomendação da AAP é evitar brinquedos, almofadas, acessórios e decorações desnecessários no berço. Esse excedente de objetos pode causar acidentes ao ficarem presos no bebê, causando asfixia, engasgo ou calor excessivo.
O ideal é posicionar o bebê de costas, com a barriga para cima, coberto com um lençol bem esticado (em caso de frio, indica-se fazer camadas de roupa, não de cobertores) e, de preferência, com travesseiros “anti sufocação”, que tem furos e são mais finos. Chapéus, toucas e outros acessórios de cabeça também devem ser retirados antes de dormir.
Além desses alertas, a AAP reforça que não é preciso utilizar protetores verticais de berços se as grades de proteção estiverem adequadamente instaladas. Esse aparato pode se desprender e cair sobre do bebê.